O modo de fazer religião das mulheres que fundam suas próprias igrejas: feminismo descolonial e feminismo comunitário = The Way of Making Religion of the Women Who Found Their Own Churches : Descolonial Feminism and Communitarian Feminism

O texto que segue apresenta uma etnografia do modo de fazer religião das mulheres. Digo `das` mulheres para dizer daquelas que no contexto religioso contemporâneo no Brasil assumem movimentos protagônicos. Pesquisas anteriores verificaram o fenômeno das mulheres que fundam suas próprias igrejas nas...

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Bibliographic Details
Published in:Mandrágora
Subtitles:The Way of Making Religion of the Women Who Found Their Own Churches
Main Author: Roese, Anete (Author)
Format: Electronic Article
Language:Portuguese
Check availability: HBZ Gateway
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Fernleihe:Fernleihe für die Fachinformationsdienste
Published: UMESP [2018]
In: Mandrágora
Year: 2018, Volume: 24, Issue: 2, Pages: 161-200
Further subjects:B Igrejas de mulheres
B Comunidade
B Feminismo comunitário
B Mulheres
B Religião
B Descolonialidade
Online Access: Presumably Free Access
Volltext (lizenzpflichtig)
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Description
Summary:O texto que segue apresenta uma etnografia do modo de fazer religião das mulheres. Digo `das` mulheres para dizer daquelas que no contexto religioso contemporâneo no Brasil assumem movimentos protagônicos. Pesquisas anteriores verificaram o fenômeno das mulheres que fundam suas próprias igrejas nas periferias de grandes cidades brasileiras. Esta pesquisa se confronta com o evento de pequenas igrejas criadas por mulheres em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. A fundamentação teórico metodológica se pautou na etnografia feminista, na teoria descolonial e no feminismocomunitário. Os resultados da pesquisa apontam que as mulheres pastoras criam uma religião como resposta a insatisfação, perseguições e tomam a decisão de desertar de um sistema religioso de padrão patriarcal colonial moderno em que não há lugar para mulheres com habilidades de liderança, dons e poderes espirituais. Elas desertam. Neste contexto, elas criam uma ruptura e uma ‘fuga’ de um sistema religioso opressivo. Seu modo de fazer religião, o como elas fazem, implica, então, a criação de pequenos refúgios - igrejas/religiões/comunidades de proteção. Seu modo de fazer religião passa pela criação de pequenas comunidades: uma proposta político-espiritual. São comunidades que se reúnem em uma pequena casa alugada ou na própria casa da pastora; criam uma religião em chave doméstica: domesticam a religião; criam uma religião de pequenas comunidades pautadas no afeto, na proximidade, na gestão vincular. As igrejas/religiões/comunidades das pastoras serão projetos disfuncionais ao capital, como afirma Rita Segato, não coadunam com o projeto do capital, o projeto dos grandes templos e organizações religiosas. Funcionam como religiosidade doméstica, e a religiosidade doméstica precisa atender as demandas do cotidiano. Estas demandas têm a ver com trabalho/emprego, com saúde/cura, com relações vínculos/afeto/proximidade vincular-comunidade, cuidado e proteção das pessoas.
The following text presents an ethnography of women’s religion. I say ‘of’ women to speak of those who in the contemporary religious context in Brazil assume protagonic movements. Previous rese-arches have verified the phenomenon of women who found their own churches in the periferies of large Brazilian cities. This research is confronted with the event of small churches created by women in a city in the countryside of Rio Grande do Sul. The theoretical methodological foundation was based on feminist ethnography, descolonial theory and communitarian feminism. The survey results point out that pastoral women create a religion as a response to dis-satisfaction, persecution and the decision to defect from a religious system of modern colonial patriarchal pattern in which there is no place for women with leadership skills, gifts and spiritual powers. They desert. In this context, they create a rupture and an ‘escape’ from an oppressive religious system. Their way of making religion, as they do, implies, then, the creation of small refuges - protection churches/religions/communities. Their way of making religion involves the creation of small communities: a political-spiritual proposal. They are communities that congregate in a small rented house or in the female pastor’s own house; they create religion in a domestic key: they domesticate religion; they create religion of small communities based on affection, proximity, and binding management. The female pastor’s churches/religions/communities will be dysfunctional capital projects, as Rita Segato asserts, they do not co-exist with the capital project, the design of large temples and religious organizations. They function as domestic religiosity, and domestic religiosity needs to meet the demands of daily life. These demands have to do with work/employment, with health/healing, with bonds/affection/proximity bonding-community, care and protection of people.
ISSN:2176-0985
Contains:Enthalten in: Mandrágora
Persistent identifiers:DOI: 10.15603/2176-0985/mandragora.v24n2p161-200