A defesa da família no debate do Plano Nacional de Educação (PNE): os evangélicos e a demonização do gênero

O discurso da ideologia de gênero ganhou notoriedade no Brasil no contexto das discussões que envolveram o Plano Nacional de Educação. Neste contexto, a participação de lideranças religiosas, dentre estas, evangélicos e católicos provenientes de segmentos conservadores, exerceu grande papel na exclu...

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Published in:Mandrágora
Authors: Coelho, Fernanda Marina Feitosa (Author) ; Dias, Tainah Biela (Author)
Format: Electronic Article
Language:Portuguese
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Published: UMESP [2020]
In: Mandrágora
Further subjects:B Ideologia de gênero
B Conservadorismos religiosos
B família tradicional
Online Access: Presumably Free Access
Volltext (Verlag)
Volltext (doi)
Description
Summary:O discurso da ideologia de gênero ganhou notoriedade no Brasil no contexto das discussões que envolveram o Plano Nacional de Educação. Neste contexto, a participação de lideranças religiosas, dentre estas, evangélicos e católicos provenientes de segmentos conservadores, exerceu grande papel na exclusão dos termos “identidade de gênero” e “orientação sexual” na Lei nº 13.005/2014 que aprovou o PNE 2014-2024. Sabendo que o discurso religioso se concentrou amplamente na defesa da “família tradicional”, o presente artigo discorre sobre a forma que a exclusão dos termos “identidade de gênero” e “orientação sexual” ocorreu no documento final do PNE., Para tanto, analisaremos os discursos invocados por duas figuras evangélicas que consideramos centrais à discussão: o deputado e pastor evangélicos Marco Feliciano (PSC-SP), protagonista da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) no combate à ideologia de gênero, e o pastor Silas Malafaia, importante liderança evangélica no cenário midiático, ambos opositores da chamada ideologia de gênero e defensores ferrenhos da família tradicional. Argumentamos, ainda, como este discurso busca a reprodução e a perpetuação das assimetrias de gênero existentes na sociedade, bem como da heterossexualidade como única forma de legítima de expressar a sexualidade, desconsiderando uma diversidade de novos arranjos familiares que tem proliferado no seio da sociedade contemporânea e todas as expressões sexuais e de gênero que destoam dos padrões cisheteronormativos que existem e convivem na sociedade brasileira. Consideramos que a tentativa de imposição de um discurso que se baseia em referências religiosas tradicionais e conservadoras traz à tona novos desafios à laicidade do Estado brasileiro e às vidas que não se conformam aos estes padrões normativos.
The gender ideology discourse gained notoriety in Brazil in the context of the discussions that involved the National Education Plan. In this context, the participation of religious leaders, among them, evange-licals and catholics from conservative segments, played a great role in excluding the terms “gender identity” and “sexual orientation” from Law No. 13.005/2014 that approved the PNE 2014-2024. Knowing that the religious discourse was largely focused on the defense of the “traditional family”, the present article discusses the way in which the exclusion of the terms “gender identity” and “sexual orienta-tion” occurred in the final document of the NEP. In order to do so, we will analyse the speeches invoked by two evangelical figures that we consider central to the discussion: the deputy and evangelical pastor Marco Feliciano (PSC-SP), protagonist of the Evangelical Par-liamentary Front (FPE) in the fight against the ideology of gender, and pastor Silas Malafaia, important evangelical leadership in the media scene, both opponents of the so-called gender ideology and staunch defenders of the traditional family. The speeches in question were aired through the YouTube platform and shared on the social networks of the aforementioned pastors in 2015 on the occasion of debates about the approval of the Municipal Education Plans. We also argue how this discourse seeks to reproduce and perpetuate existing gender asymmetries in society, as well as heterosexuality as the only legitimate way of expressing sexuality, disregarding the diversity of new family arrangements that have proliferated within contemporary society and all sexual and gender expressions that differ from cisheteronormative standards that exist and coexist in Brazilian society. We believe that the attempt to impose a discourse that is based on traditional and conservative religious references brings up new challenges to the secularity of the Brazilian State and to lives that do not conform to these normative standards.
ISSN:2176-0985
Contains:Enthalten in: Mandrágora
Persistent identifiers:DOI: 10.15603/2176-0985/mandragora.v26n1p157-178